terça-feira, 4 de agosto de 2009

A disseminação do pânico


Em O Jardineiro Fiel, filme baseado no livro homônimo de John Le Carré, é contada a história de um diplomata, vivido por Ralph Fiennes, que tenta descobrir as razões para o assassinato de sua esposa (representada pela atriz Rachel Weisz), uma ativista política. Sua obstinação o leva a confrontar os interesses de importantes indústrias farmacêuticas, que contribuem para o sofrimento de paupérrimas tribos africanas com o objetivo de auferirem lucros crescentes. Trata-se de um filme belíssimo, dirigido pelo excelente Fernando Meirelles. Mas o que isto tem a ver com o título do artigo?

Tenho me assustado com a cobertura abertamente sensacionalista que a mídia vem fazendo sobre a "gripe suína". Não há telejornal que escape. Todos eles, já em suas principais chamadas, mostram hospitais lotados, narram mortes suspeitas e contabilizam o número de casos notificados (certamente subnotificados). Tratam do assunto como se fosse uma catástrofe global. No entanto, uma análise mais acurada dos fatos revela que, ao menos por enquanto, há muito mais com o que se preocupar na área da saúde e que o vírus H1N1 não representa, nem de longe, uma ameaça tão severa. Doenças como a dengue, a tuberculose, o sarampo, a malária e outras tantas tem um índice de mortalidade muito superior e, no entanto, não ganham espaço nos veículos noticiosos. Assim, devemos nos perguntar: a quem interessa disseminar o medo entre a população?

Encontrei um vídeo na internet que explica algumas coisas. É evidente que não tenho como afirmar a veracidade de tudo o que é dito nele (e talvez esse seja o maior problema da rede), mas, além da aparência de realidade, o trabalho aborda muitas situações notórias. Ademais, ainda que se trate de uma (pouco provável) obra de ficção, não surpreenderia ninguém se ocorresse de fato. Segue o vídeo:


Fonte: Diário Gauche

Prosseguindo, não devemos nos esquecer que, no ano que vem, teremos eleições estaduais e federais e que calamidades às vésperas do pleito sempre servem para minar o poder estabelecido (não se trata de uma defesa política, até porque estou quase certo de que o melhor caminho é a anarquia, mas sim de uma constatação). Talvez o papel da mídia nesses eventos deva ser melhor explorado, mas, infelizmente, não tenho capacidade para tal tarefa. Acho que não sou suficientemente maquiavélico.

E qual a relação disso tudo com o direito penal? Não há, mas estou cansado dessa cantilena sobre a gripe suína e precisava falar alguma coisa (ainda que esteja falando merda).

Abraços.

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